quinta-feira, 12 de março de 2009

Editorial: Quais as vantagens de perder no Brasil?

A apenas dois dias do tão aguardado Gran Premio Asociación Latinoamericana de Jockey Clubs e Hipódromos seguem acaloradas as discussões sobre os forfaits dos cavalos argentinos na já citada prova.
Muitos acreditam que os argentinos seriam os “bichos papões” e não vieram ao Brasil por falta de prestígio do turfe brasileiro. De fato, concordo que o turfe argentino está anos luz à frente do brasileiro e que não tem sentido que um cavalo argentino venha fazer campanha aqui no Brasil. Mas, com relação a este GP Latino, especificamente, a história é um pouco diferente.
Venho observando nos últimos dois ou três anos que os cavalos clássicos argentinos que estão fazendo campanha em solo argentino não têm o mesmo poderio dos brasileiros e peruanos, por exemplo. A própria crônica argentina já atentava para esse problema antes do Pellegrini de 2007 quando enalteceu muito a parelha peruana Dushanbe e Al Kadir (lembro que os melhores cavalos brasileiros: L´Amico Steve e Quick Road não correram a prova) devido à crença de que o pelotão platino não era forte o bastante como em anos anteriores. O que se viu na corrida foi que, naquela oportunidade, os argentinos estavam errados, pois Al Kadir negou-se a alinhar e foi retirado e Dushanbe pouco produziu. Então, o seis anos Latency, que havia sido preterido pelos jockeys locais, foi o vencedor com o uruguaio Julio César Méndez em seu dorso.
No ano passado, os estrangeiros não foram tão badalados, mas desta vez o brasileiro Negro da Gaita que enfrentou a viagem e até vencer o Derby Paulista, já havia perdido várias vezes para Hot Six e Flymetothemoon na Gávea, consegue ótimo segundo lugar, chegando a dar impressão de que venceria o páreo.
Portanto, concluo que se os cronistas argentinos já vinham destacando que os animais de nível na Argentina já não eram iguais aos estrangeiros e se um potro brasileiro que não é, unanimemente, o mais brilhante dos brasileiros consegue viajar para a Argentina e quase vencer a prova mais importante do turfe local, seria loucura se os proprietários argentinos estivessem completamente empolgados em trazer os seus pupilos para enfrentar animais da categoria de Quick Road, Hot Six, Flymetothemoon e Negro da Gaita fora de casa.
Acredito que se fosse somente pela falta de prestígio, nem Life Of Victory viria para o Brasil. Este veio porque seus responsáveis acreditam em uma boa atuação. Os restantes não vão vir porque é bem provável que somente viriam mostrar a farda.Quero deixar bem claro que não estou dizendo que o turfe nacional se equipara ao argentino. Isso seria uma insanidade. O que quero frisar é que, dos animais que têm categoria para correr um páreo como o GP Latino, os animais argentinos não estão no mesmo nível dos peruanos, chilenos e brasileiros.

Nenhum comentário: