O turfista que freqüenta qualquer hipódromo sabe da magia que é assistir o cânter e seus preparativos bem próximo à cerca da raia. De lá pode-se notar a tensão ou descontração dos jóqueis, observar cada mínimo detalhe do físico dos animais assim como ouvir a respiração e o cavalgar destes.
Outra vantagem de acompanhar o cânter de lugar tão privilegiado é a de poder perguntar as jockeys, desde que estes simpatizem com você, sobre as chances de seus conduzidos. Porém, como meu “faixa” costuma dizer: “Se o jockey disser que vai ganhar quer dizer que tem chances de ganhar. Se ele disser que não vai ganhar, aí sim pode riscar do jogo”.
Eu mesmo já coloquei cavalos na minha trinca por indicação de jockeys e terminei por ver a indicação não pagar nem placê. Certo dia, pouco antes da realização do quilômetro internacional de Cidade Jardim, ouvi o jockey de um dos favoritos falar para seu amigo que estava na cerca: “Pode jogar o teu carro que não tem jeito de perder!” E o animal pagou apenas placê.
Lembro me bem também de uma história que ocorreu com um amigo meu. Estávamos nas proximidades da cerca da raia quando os animais com seus respectivos jockeys vinham se aproximando também muito próximos à cerca. Meu amigo que não era muito fã de um experiente jockey carioca me cutucou e avisou que iria fazer uma brincadeira quando este passasse. Eu não tinha idéia do que seria, mas aguardei ansioso.
Quando o certo jockey passou com seu cavalo, meu amigo perguntou: “E aí fulano, veio passear em São Paulo?”. Ele fez essa pergunta porque não havia corridas na Gávea naquele dia e o profissional resolveu aproveitar as corridas de Cidade Jardim para se manter em atividade. Porém, as vitórias não estavam vindo e ele estava rendendo bem abaixo do que costumava render.
Eu nunca tinha visto uma reação como aquela. O jockey que ouviu a questão do meu amigo em alto e bom som começou a responder a pergunta com provocações e cheguei até a pensar que ele frearia seu conduzido e desceria para tomar satisfações, já que ele continuava a resmungar mesmo quando seu cavalo já estava a alguns metros de onde nós estávamos.
Pronto! Já tínhamos uma ótima história para contar ao pessoal lá nas arquibancadas sociais. Nem eu nem ninguém acreditávamos na tremenda cara-de-pau do meu amigo, mas todos acharam o fato, no mínimo engraçado.
E não é que no páreo seguinte já estávamos já na cerca para esperar pelo tal jockey?
Quando ele vinha chegando e nos reconheceu, começou imediatamente a entortar o pescoço do seu cavalo para que este caminhasse mais próximo à cerca. Confesso que na hora fiquei com medo de sobrar um chicotezinho para o nosso lado e até me afastei um pouco. Mas o jockey havia levado na esportiva e nos deu duas barbadas: “Semana que vem começam as coroas lá na Gávea. Pode jogar que eu vou ganhar as duas!”.
Como os programas ainda não haviam saído, ficamos muito curiosos para saber quais seriam as montarias dele nas provas da tríplice coroa carioca.
Durante a semana, os programas saíram e foi aí que meu amigo ficou maluco. O tal jockey iria montar um potro que já havia sido jogado pelo meu amigo na preparatória e que havia feito um segundo agarrado mesmo sofrendo vários prejuízos. Agora, longe dos percalços e com o aval do jockey, era uma barbada que dava até nojo!
No sábado seguinte, não podemos dizer que jogamos até as calças porque nosso padrão de jogo é bem baixo, mas destinamos uns trocados ao potrinho. Já até ríamos da situação, pois meu amigo havia tirado o maior sarro do jockey e ele ainda nos deu uma senhora barbada.
Então, chega a hora da corrida e o páreo larga. Ficamos atônitos acompanhando o percurso do nosso escolhido. E o jockey realmente caprichou na condução, mas carreiras são carreiras, como dizem os portenhos, e o potro chegou em quarto bastante afastado e muito bem corrido.
E estava aí a vingança do jockey que, sem querer, deu o troco no meu amigo – e eu acabei entrando na dança – uma semana depois. Se ele lembrou-se de que tinha nos dado o seu cavalo de barbada, deve ter chegado ao padock dando muita risada.
INDICAÇÕES PARA A GÁVEA - 07/10
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1°: 3-4-2
Páreo de análise bem difícil para começarmos a reunião onde vou com a
Currahill Lake (3) que já tem corridas regulares na turma que a credenci...
Há 3 horas
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