quinta-feira, 5 de março de 2009

Crônica: Mulher e jogo não se misturam

Era mais uma daquelas tardes agradáveis que se passava no prado paulistano. No dia eu estava acompanhado do meu companheirão de turfe e seu irmão que já freqüentava cada vez menos as carreiras. Sua namorada achava um absurdo passar uma tarde inteira gastando dinheiro com cavalos e ele, para não comprometer a relação, preferia só contrariá-la em dias de Grandes Prêmios (e mesmo assim a face da menina era sempre emburrada durante as corridas).
Nesse dia, meu amigo resolveu levar uma das várias “namoradas” ao prado e foi aí que as coisas começaram a dar errado: a proporção de mulheres para turfistas no nosso grupo estava ficando muito alta para que se pudesse ter algum tipo de lucro naquele dia: duas mulheres para três turfistas.
Acontece que esse meu amigo vinha acompanhando um tordilho velocista do Estrela Energia desde que este voltara ao Brasil proveniente de um tour pela França e Emirados Árabes. Era uma daquelas máquinas de correr que só precisavam se adaptar novamente ao ambiente nacional e pegar um pouco mais de aguerrimento para voltar a render o máximo.
Pois bem, esse meu amigo já havia jogado nesse tordilho por umas quatro vezes em clássicos e provas especiais fortíssimas e nada do cavalo confirmar a velha forma. Sempre chegava em segundo, terceiro, mas nada de ganhar. Então seus responsáveis o levaram para a Gávea para correr a preparatória do GP Major Suckow que seria nessa tarde de sábado.
A essas horas, meu amigo já estava engalfinhado com a menina lá pelos lados das tribunas especiais, o lugar mais vazio do Hipódromo, e eu estava com seu irmão quando notei o absurdo: o tordilinho estava pagando algo em torno de 25 por 1. Tudo bem que a turma estava bem forte, mas para quem já havia jogado no cavalo em turmas um pouco mais fracas e pagando bem menos, que mal haveria arriscar mais cinco contos?
Até comentei: “se o teu irmão vir essa pedra, ele joga dez na certa!”. Jacaré olhou a pedra? Nem meu camarada. Precisa contar o fim da história? O tordilho vence por meio corpo, paga aquele batataço e o meu faixa não jogou nem um tostão. Fico até com pena quando lembro da frase dele quando o encontrei mais tarde: “joguei esse cavalo a vida toda...”
Depois do ocorrido, o animal correu o Suckow e não fez nada. Aliás nunca mais correu nada, também pudera: ele já tinha sete anos de idade. Já meu amigo saiu com a menina mais uma ou duas vezes. Então eu pergunto: dá para misturar jogo com mulher?

2 comentários:

turfe.online disse...

Essa história é bem real, até me voltou a dor de cabeça...
rsrs

Mas essa não foi a única!!!

Leandro disse...

O turfe.online provávelmente está tentando me lembrar do Naperon que também marquei por várias vezes. Mas essa eu conto outro dia...